quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Foto Lançamento livro Lourdes De vita

                             Encontro feliz de parentes e amigos de Lourdes De Vita em 20.08.12

Enigma - Aristides Teodoro


Enigma - Aristides Teodoro
 
Símbolos
formas
cores
simbolizam
a condição humana
onde muitos veem a
mesma
forma, a mesma cor
e cada qual tem
a sua própria definição.

Fotos de Acadêmicos

                                                                                  Edna
                                                                      Decio Drumond
                                                                    

O Centauro e Eu - Décio Drummond


O Centauro e Eu - Décio Drummond

Se fosse possível prever o futuro com um minuto de antecedência, quantos dissabores poderiam ser evitados. Em contrapartida, quantas surpresas agradáveis perderiam o sabor da novidade.
Naquela manhã, um minuto bastaria para me fazer desistir de atravessar a avenida. Nesse caso, porém, perderia a oportunidade de conhecer o centauro.
Sempre soube que os centauros da mitologia grega eram seres metade homens, metade cavalos, cuja função era a de proteger as florestas. Acredito que, com o tempo, foram passando por processos evolutivos, ou – para usar uma palavra tão em moda – por uma reciclagem, chegando ao que são hoje: seres metade homens, metades motocicletas e que não protegem nem a si mesmos.
A travessia da avenida, naquela esquina, constitui uma aventura diária, principalmente para um idoso. O fluxo de veículos velozes é constante e o semáforo muda de cor muito depressa, nunca permitindo chegar ao outro lado antes da troca de verde para vermelho.
Foi assim que, parado diante da faixa para pedestres, eu olhava atentamente para as luzes, antes de empreender com segurança a perigosa façanha de cruzar as quatro pistas. Assim que o verde surgiu e a onda de veículos parou, pisei no asfalto. Aconteceu que tropecei naquela já minha conhecida fenda na pavimentação e, como conseqüência imediata, bati como ombro no espelho retrovisor da motocicleta que estacionara na faixa. O espelho se soltou da base e caiu no asfalto, estilhaçando-se. O centauro desmontou, retirou o capacete e se postou diante dos cacos com um olhar ao mesmo tempo assustado e triste, prestes a chorar. Eu, parado, perplexo, sem saber o que fazer ou o que dizer (“Sinto muito?” “Desculpe-me?”). Passei em revista todas as expressões catalogadas no código tácito da convivência urbana. Todas me pareceram vazias e inexpressivas. Optei pela ação e sugeri ao consternado motoqueiro que estacionasse a máquina e me acompanhasse a pé a loja desse tipo de acessório, existente nas proximidades, onde eu compraria um espelho para substituir o quebrado. Ele não queria aceitar, mas foi vencido pelos meus argumentos de que o verdadeiro culpado pelo ocorrido era o órgão responsável pela manutenção do asfalto, permitindo aquela fenda.
Fomos caminhando e perguntei-lhe se não considerava muito arriscada aquela atividade de motoqueiro. Surpreendeu-me ao responder e filosofar que o homem nasce geneticamente programado para correr todas as espécies de riscos. Viver já é, em si mesmo, um risco. Quando julgamos que estamos seguros em nossas casas, estamos correndo inúmeros riscos.
Lamentavelmente, neste nosso sistema político-social verticalizado, em que as decisões são tomadas de cima para baixo, temos de aceitar decretos, portarias e normas nem sempre atendendo aos verdadeiros apelos da população. Os motoqueiros precisam de mais educação no trânsito, é verdade. Porem, eles, em sua maioria, nem sabem o que é isso.
Chegamos ao estacionamento. Ele fixou o novo espelho, agradeceu mais uma vez e se despediu. Em seguida, metamorfoseou-se em centauro, colocando o capacete e montando no veículo. Deu a partida e se foi, logo desaparecendo na floresta de carros, de ônibus e de caminhões.
Entrei em casa refletindo em que a sabedoria, às vezes, se manifesta nas situações e nas pessoas mais inesperadas.

Fotos de Acadêmicos



MARICE PALMYRA CORDEIRO
 
Mara Regina Zumpano
 
HUGO PAEZ 
 
RICHARD GODOY BUENO